Eram quase seis da tarde e eu corria contra o tempo. Saí da longa e poeirenta estrada de terra, parte não asfaltada da BR-158, na fronteira do Mato Grosso do Sul com o sudoeste de Goiás e embiquei na GO-341, a rodovia que liga o Parque Nacional das Emas à cidade de Mineiros.
Meu objetivo era chegar nos limites do parque ainda a tempo de pegar a beleza do por do sol e, com um pouco de sorte, conseguir fotografar seu cerrado, recanto natural intocado.
Não fui lá só para isso. Mas queria aproveitar a oportunidade de estar próximo dali. Naquele dia, eu havia passado em Serranópolis, em Goiás, e fotografado o Morro da Bandeira.
Havia passado pela cidade de Costa Rica, no MS, da qual guardei a boa arquitetura de suas edificações, a pintura de bom gosto das lojas e lojinhas de comércio na avenida principal e o cuidado de seu povo com o calçamento, com os parques e os passeios públicos. O que mostra que uma pequena cidade interiorana não precisa ser empoeirada nem encardida, mesmo quando cercada pelos imensos campos de lavoura.
E eu estava com pressa de chegar na longa cerca do Parque das Emas. Acelerei o carro mas o crepúsculo chegou rápido, o negro da noite começou a se espalhar pelo céu e só ficou o dourado do sol, que fugia célere pelas bandas do oeste. Tarde demais. Parei o carro para pegar ar, como se fosse eu que estivesse correndo sobre as pernas …
Olhei para o parque, senti aquela imensa solidão que só o planalto tem, com seu horizonte ao infinito e lamentei que nada mais era perceptível para as lentes, nenhum detalhe do cerrado, só sombras e insinuações de cupinzeiros, de arbustos, só o pio agudo do gavião que procurava um pouso. Aí então, olhei para o outro lado da rodovia. E vi o sol derrubado e uma lavoura imensa de algodão, bem na minha frente. Corri ao carro, peguei a câmera, o monopé, montei tudo e saí fotografando.
A beleza estava ao lado, mesmo na lavoura que a tudo devora.
2013